Sífilis: como se proteger da doença?
Clínicos e infectologistas de todas as regiões do país fazem um alerta: a sífilis não só voltou como já se configura como um quadro de epidemia, ainda que o Ministério da Saúde negue tal situação. No entanto, os números são alarmantes. Em 2013 houve um aumento de 14,8% no Nordeste e de 44,7% no Sul dos casos de sífilis detectadas em gestantes, e de 1998 a 2014 houve 104.853 casos de sífilis congênita oficialmente notificados. Mas por que será que está havendo esse retorno da doença? Você sabe como se proteger?
O que é a sífilis
A sífilis é uma das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), cuja origem é bacteriana (Treponema pallidium) e em alguns momentos de sua evolução pode ser contagiosa. Apesar de a sua maior forma de transmissão ser a sexual, ela também pode ser passada da mãe para filho durante a gestação ou o parto (sífilis congênita), e também através de transfusões de sangue.
A doença é bastante antiga entre nós. Calcula-se que tenha sido trazida da Europa no século XV por Cristóvão Colombo; outros acreditam que sua origem é ainda mais antiga. Como DST ela é uma das doenças mais problemáticas, e, apesar de ter cura, pode levar à morte se não for tratada a tempo. Um dos mais célebres casos de sífilis foi o do mafioso Al Capone (Alphonse Gabriel Capone), que tinha neurossífilis. A doença deu origem a diversos distúrbio psiquiátricos que se manifestaram principalmente por ocasião de sua prisão na igualmente famosa prisão de Alcatraz, próximo a São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos.
Contágio e tratamento
A principal forma de contágio é através do ato sexual (95% dos casos), quando a bactéria se aloja nas pequenas ulcerações que ocorrem nas mucosas masculinas e femininas. Pelo menos 30% dos casos de transmissão ocorrem nos primeiros dois estágios da doença, sendo que o primeiro deles, o de cancro, é altamente contagioso.
Quando a transmissão é vertical, ou seja, durante a gravidez ou no parto, ela pode se dar em qualquer fase da doença e da gestação, inclusive pela amamentação. Quando o feto é contaminado, geralmente há aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal.
O tratamento contra a sífilis é feito com injeções de penicilina – que na década de 30, quando Al Capone apresentou a doença, ainda não estava disponível no mercado. Nos casos de contaminação em que a ferida não dói nem sangra, apenas uma única dose de penicilina costuma ser eficiente para acabar com a doença, mas a partir do estágio secundário as doses têm que ser maiores, uma vez por semana. No terceiro estágio da doença ou nos casos de neurossífilis já costuma ser preciso internação hospitalar por causa das complicações decorrentes.
Quem tem alergia à penicilina é preciso fazer primeiro uma dessensibilização ao medicamento, porque ele é o único capaz de matar a bactéria. Doxiclina, tetraciclina ou ceftriaxone podem ser receitados em alguns casos, mas não são tão eficientes.
Sintomas variam de acordo com o estágio da doença
Os sintomas variam de acordo com a evolução da sífilis, mas as fases da doença podem sobrepor-se umas às outras: primária, secundária, latente e terciária.
Primária
De duas a três semanas após o contágio aparecem os cancros, feridas indolores que não podem ser vistas porque são no local da infecção, geralmente no colo do útero ou no ânus. Mesmo sem tratamento, elas desaparecem cerca de seis semanas depois, entrando em um estado de dormência.
Secundária
Duas a oito semanas após essas primeiras feridas, o segundo estágio é desenvolvido em 33% das pessoas que não trataram a doença em seu primeiro estágio. Começam a aparecer febre, dores musculares, dor de garganta e dificuldade em deglutir. Pode haver também vermelhidão na pele e o aparecimento de ínguas nas axilas e na região inguinal, entre outros lugares, por causa do inchaço do fígado e do baço. Mais uma vez os sintomas somem sem tratamento e a doença entra em nova fase de dormência.
Latente
É o estágio em que a doença fica dormente e assintomática, podendo durar anos. Ela poderá nunca mais se desenvolver como poderá passar para a terceira fase a qualquer momento, entrando em seu estágio mais grave.
Terciária
Geralmente de 8 a 10 anos após o estágio secundário, a sífilis entra em seu estado mais problemático, sendo necessária internação hospitalar, podendo aparecer meningite, hepatite, paralisia e deformidade nas articulações. Esse estágio também pode acontecer em um período de 1 a 30 anos após o secundário. Quando não tratada, a sífilis pode levar à morte.
Congênita
Na transmissão de mãe para filho, a maioria das crianças que nascem infectadas não apresentam nenhum sintoma, mas algumas podem apresentar rachaduras na sola dos pés e na palma das mãos e, posteriormente, problemas de surdez e deformação dentária.
Grupos e comportamento de risco
São as pessoas sexualmente ativas que não usam preservativos (camisinhas) em suas relações sexuais – e como nem sempre é possível saber se o parceiro está ou não infectado, a camisinha deve ser utilizada sempre. Além disso, a sífilis é uma porta escancarada para o vírus HIV, o que reforça ainda mais a necessidade de proteção.
Para evitar pegar a doença, portanto, a camisinha é fundamental, mas você deve ficar atento a outros comportamentos também, como manter a higiene pessoal e do ambiente, bem como reduzir ao máximo o número de parceiros.
Diagnóstico
O diagnóstico só pode ser realizado por um médico através de exames específicos, como exame de sangue, cultura de bactérias e pulsão lombar. Caso seja diagnosticado coma doença, é preciso inciar imediatamente o tratamento, comunicar a contaminação ao parceiro, fazer exames para detecção de HIV e evitar contato íntimo durante o tratamento.
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E então, ainda ficou alguma dúvida? Quer saber mais sobre alguma outra DST? Dê a sua sugestão aqui nos comentários!