O ronco pode ser um sintoma.
Se você ronca à noite e já está cansado de ouvir reclamações, calma, essa pode ser uma boa oportunidade de você buscar ajuda e, quem sabe, resolver o seu problema. Mais do que uma questão de incomodar o parceiro durante a noite de sono, o ronco excessivo pode ser sintoma de alguma doença. Sim, é normal fazermos algum tipo de barulho enquanto dormimos, mas o ronco deve ser investigado por especialistas.
Roncar é normal? Depende
O ronco nada mais é do que o ruído passando pela garganta enquanto dormimos, certo? Quase sempre, porque há casos em que alguma obstrução no fundo da garganta faz com que o ar vibre com força demais no céu da boca (palato) e na faringe, produzindo um ruído bem mais alto do que deveria. Para se ter uma ideia, esse som pode ser tão alto que pode chegar a 80 decibéis, o equivalente ao escapamento aberto de uma moto. Além de desagradável para quem dorme perto, pense bem: isso não pode ser normal.
E não é mesmo. O ronco excessivo pode incorrer até em pausas respiratórias sérias (apneia), que podem causar quadros graves de sobrecarga cardiopulmonar – isso além de cansaço, irritabilidade persistente, baixo rendimento intelectual e no ambiente de trabalho, baixa produtividade.
Posicional ou patológico: qual o seu tipo de ronco?
Na verdade há dois tipos de ronco um deles é o ronco posicional, aquele em que a pessoa ronca geralmente quando está de barriga para cima. A cabeça cai para trás, a boca abre, a língua escorrega para a garganta fechando a passagem de ar e o barulho é produzido. Uma vez trocada a posição ele para ou é bastante reduzido. O outro tipo de ronco é o patológico, caracterizado por ruído intenso, com grandes vibrações, o tal cano de descarga da motocicleta – e que geralmente é sinal de algum problema respiratório já instalado ou em fase inicial, como amígdalas e adenoides muito grandes, desvio de septo, rinites, hipertrofia dos cornetos, pólipos nasais e até tumores.
Pessoas obesas também têm mais propensão a roncar porque, além de todas as outras causas prováveis, há ainda a possibilidade de infiltração gordurosa que aumenta a obstrução da faringe. Outros fatores de risco podem ser o álcool, que promove o relaxamento da musculatura da faringe, e os medicamentos à base de diazepínicos, geralmente prescritos para melhorar a noite de sono. Só que eles também relaxam ainda mais os músculos da laringe e acabam indiretamente provocando o ronco e prejudicando a qualidade do sono.
Apneia e ronco, qual a relação?
Muito provavelmente você sabe que a apneia é uma parada respiratória causada pelo fechamento da faringe por 10 segundos ou mais – mas o que talvez você não saiba é que a apneia é um estágio avançado do ronco. Quando ocorre a apneia, em vez do tubo faríngeo ficar apenas reduzido fazendo com que o ar passe fazendo barulho, as paredes da faringe colam, obstruindo completamente a passagem do ar. Geralmente a pessoa acorda assustada, e com motivo, porque o sangue fica pobre em oxigênio, o que pode causar sérias consequências a curto, médio e longo prazo.
Durante a apneia a pessoa para de roncar, claro, mas não está respirando direito. Como resultado, ela passa o dia cansada, enfraquecida, sonolenta e irritadiça. Neste quadro, geralmente o quadro de saúde é mais grave do que aparenta, por isso o ronco deve ser encarado como um sinal de que alguma coisa não vai bem e precisa ser investigada.
Procurando tratamento
Quando chega a esse ponto, já é mais que hora de procurar um especialista: otorrinolaringologista, pneumologista, neurologista, psiquiatra ou pediatra (sim, porque crianças também roncam) que sejam especializados em sono. Você pode encontrar os especialistas credenciados na Sociedade Brasileira do Sono.
O diagnóstico é feito através de um exame chamado polissonografia, que pode ser feito tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde. A pessoa passa a noite em um quarto conectada a sensores que vão monitorar várias condições clínicas do sono, como ronco, apneia, alteração dos movimentos dos olhos, sonambulismo e distúrbios respiratórios, por exemplo. Os dados são enviados a um computador em outra sala conectado aos eletrodos e que vai registrar e comparar as variáveis biológicas do sono. A partir daí, o especialista irá determinar o motivo do ronco e iniciar o tratamento para eliminar a causa.
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