Endometriose: como afeta a saúde da mulher?
A endometriose é caracterizada como uma modificação no funcionamento normal do endométrio, que é a mucosa que reveste a parede interna do útero. Essa afecção inflamatória é provocada através das células do endométrio que, ao invés de serem expelidas, acabam tomando o sentido oposto e caindo na cavidade abdominal ou nos ovários, onde se multiplicam.
Quando não há fecundação do óvulo, parte do endométrio é eliminada quando ocorre a menstruação. A parte que permanece no útero volta a crescer com a multiplicação das células, para que todo o processo se repita no próximo ciclo.
Diferente do que se imagina, esta é uma doença bastante comum, que pode atingir até uma em cada seis mulheres em idade fértil. Contudo, as chances de aparecimento são maiores quando há outros casos na família. Portanto, pode-se dizer que esta é também uma condição genética.
Tipos de endometriose
Existem cinco tipos diferentes de manifestação da endometriose, que são: superficial, profunda, pulmonar, de parede e no ovário. Confira a seguir mais detalhes sobre cada tipo.
Endometriose superficial
É um tipo de endometriose que costuma atingir o peritônio, um tecido que reveste internamente os órgãos presentes nas cavidades abdominal e pélvica.
Endometriose profunda
Quando os focos da doença se infiltram na parede de um órgão ou estrutura a uma profundidade de mais de cinco milímetros, é sinal de endometriose profunda. Nesse tipo, também se apresenta a endometriose do septo retovaginal.
Nesse caso, os sintomas do período menstrual se intensificam, e a mulher pode ter que se submeter a uma cirurgia de emergência, a depender do local e da extensão da doença.
Endometriose de parede
A endometriose de parede atinge a parede abdominal, geralmente em áreas que foram previamente submetidas à cirurgia. Na maioria dos casos, ocorre em mulheres que já realizaram uma cesariana, especialmente em casos de interrupção prematura da gravidez.
A região do umbigo é um outro local onde a endometriose de parede costuma ocorrer. Geralmente, os nódulos ficam mais dolorosos e aumentados durante o período menstrual.
Endometriose no ovário
O tipo ovariano é aquele que atinge os ovários, e costuma ocorrer com a formação de cistos composto por um líquido sanguinolento.
Endometriose pulmonar
Apesar de ser bastante rara, a endometriose pulmonar é considerada grave. Ela ocorre quando o tecido endometrial se desenvolve na região dos pulmões, chegando nesse estágio através da corrente sanguínea.
Esse tipo costuma ser identificado pelo sangramento das vias aéreas, que ocorre no período menstrual, normalmente por meio da tosse.
Quais os principais sintomas da endometriose?
O sintoma principal, e que primeiro se manifesta em casos de endometriose, é a dor pélvica associada ao ciclo menstrual. Contudo, existem relatos de mulheres que dizem que esta dor aumenta com o tempo, ficando muito pior no período da menstruação.
Além da dor pélvica, outros sintomas podem ser observados com frequência, como por exemplo:
- - dismenorreia (dores no período menstrual);
- - dor ou cólicas, que podem aparecer de uma a duas semanas antes da menstruação;
- - dor durante as relações sexuais com penetração;
- - dor ao urinar ou evacuar, sobretudo no período menstrual;
- - fadiga;
- - diarreia no período menstrual.
É importante ressaltar que a dor não está relacionada à gravidade do problema. Algumas mulheres podem ter uma extensão maior da doença sem sentir nenhuma dor, enquanto outras podem sofrer de dores fortes, mesmo com focos menores.
Como obter o diagnóstico?
A endometriose pode ser considerada uma doença silenciosa. Geralmente os sinais aparecem entre os 25 e 35 anos, quando é possível realizar um diagnóstico preciso. Contudo, a manifestação do problema já começa meses depois da primeira menstruação.
No entanto, isso ocorre porque muitas mulheres acreditam ser normal sentir cólicas e dores no período menstrual, e não dão a devida atenção ao problema, esperando muito tempo para procurar ajuda médica.
Ao suspeitar da presença da endometriose, o ginecologista pode realizar um exame pélvico de toque e solicitar os seguintes exames
- - ultrassom especializado;
- - ressonância magnética;
- - laparoscopia.
Relação entre endometriose e fertilidade
Uma vez que o endométrio é sensível às alterações do ciclo menstrual, sendo o local onde o óvulo é depositado após ser fecundado, essa alteração acaba atingindo a fertilidade e, consequentemente, a saúde da mulher.
Contudo, o principal fator de infertilidade é a danificação das tubas uterinas. Pois durante o processo inflamatório crônico são formadas aderências do peritônio junto a outros órgãos pélvicos. Isso pode resultar na obstrução das tubas uterinas, dificultando ou impedindo a passagem do óvulo e, consequente, a fecundação.
Nos ovários, a presença dos endometriomas também compromete a fertilidade. Além disso, possíveis alterações inflamatórias e imunológicas no útero e no endométrio tendem a atrapalhar a implantação do embrião, fazendo com que a gravidez não se desenvolva.
Tratamento e acompanhamento médico
Em idade fértil, a mulher deve consultar um médico ginecologista anualmente, para realizar exames de rotina, como papanicolau e outros. Esse acompanhamento médico é fundamental também para identificar a presença da endometriose, à medida que os sintomas apareçam ou se agravem.
Ao identificar o problema, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, podendo incluir
- - medicamentos para controle da dor e diminuição da progressão da doença;
- - cirurgia para retirada das áreas afetadas;
- - cirurgia de histerectomia, com a retirada dos ovários.
Contudo, o tipo de tratamento dependerá de alguns fatores, como idade, gravidade dos sintomas e da doença, e se a mulher ainda deseja ou não engravidar.