O que é a compulsão alimentar?
Comer é, com certeza, um dos grandes prazeres da vida. No entanto, para algumas pessoas, todo esse prazer é uma verdadeira doença. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), a compulsão alimentar atinge 10% dos adolescentes – o que significa que eles, em um curto espaço de tempo, comem descontroladamente e em muito mais quantidade do que outra pessoa comeria na mesma situação.
O problema é serio e merece muita atenção, já que pode levar a outros distúrbios, como a obesidade ou comportamentos compensatórios para o controle do peso, como a bulimia, ou uso de diuréticos, laxantes e remédios de emagrecimento.
Compulsão alimentar atinge de 3% a 4% da população mundial
A compulsão alimentar não é um problema apenas de adolescentes, mas, sim, um transtorno que atinge pessoas no mundo inteiro. É um distúrbio químico que ocorre por causa de um desequilíbrio nos mecanismos da fome e da saciedade – geralmente relacionado à ansiedade e à depressão.
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, o transtorno atinge entre 2% e 4% da população mundial, mas sobe para 6% entre os obesos, podendo alcançar até 50% das pessoas com obesidade mórbida, ou seja, IMC acima de 40%. Três a cada quatro pessoas com compulsão alimentar são obesas, já que consomem muito mais calorias do que a necessidade real diária do organismo.
Como um verdadeiro “saco sem fundo”, o compulsivo alimentar não tem hora para comer e na maioria das vezes nem escolhe muito os alimentos, chegando a comer alimentos congelados ou crus por puro descontrole, além de fazerem misturas impensáveis gastronomicamente.
Se um adulto normal precisa em média de 2 mil calorias diárias, o compulsivo pode chegar a ingerir 15 mil calorias – em apenas duas horas. Há episódios de “ataque”, mais comuns no fim da tarde e à noite, geralmente quando o indivíduo chega a consumir 50% das calorias daquele dia.
Reconhecer os sintomas pode ser um passo para a solução
Além da gula, que faz comer mesmo sem estar com fome, alguns outros sintomas são bastante característicos de quem tem compulsão alimentar. Um deles é a necessidade de comer escondido, até porque é comum sentir uma certa culpa pelo o que está fazendo, uma sensação de coisa errada.
O compulsivo alimentar também come bem mais rápido do que a média das pessoas e chega a inventar desculpas para não sair de casa e ficar assaltando a geladeira. Como a ingestão de alimentos vai muito além da necessária, há sérios riscos de desenvolver ainda outras doenças além da obesidade, como diabetes e colesterol.
Fatores externos também podem causar o problema
Um deles são as dietas da moda, aquelas que prometem milagres mas acabam criando cardápios completamente prejudiciais à saúde, com sérios déficits de nutricionais. Apesar de a pessoa até conseguir emagrecer temporariamente, logo ela sente uma grande necessidade de nutrientes que a leva para um descontrole alimentar ainda maior do que estava anteriormente à dieta. A prevenção é evitar esse tipo de comportamento fazendo dietas apenas com nutricionistas e acompanhamento médico adequado.
O estresse e a ansiedade são outros fatores que podem deflagrar a compulsão alimentar, fazendo com que a pessoa alivie a tensão na comida. No entanto, passado o primeiro momento de satisfação, a culpa gerada e o ganho de peso transformam o processo em um círculo vicioso, que só piora a ansiedade e o próprio estresse.
Tratamento envolve os lados físico e emocional
O transtorno tem tratamento, mas nem sempre é fácil. Como ele é basicamente emocional com reflexo no aspecto físico, é preciso que o tratamento abranja ambos os lados. O tratamento, portanto, deve ser um procedimento conjunto do psiquiatra com nutricionista, fazendo uma reeducação alimentar com a introdução de alimentos saudáveis e hábitos equilibrados, incluindo também atividades físicas para desgaste do sobrepeso e eliminação do estresse e da ansiedade. Principalmente nos casos crônicos, geralmente é necessário o uso de medicamentos antidepressivos e indutores de saciedade.
Como qualquer outra doença ou transtorno, a prevenção é a melhor forma de combate, através de hábitos saudáveis no dia a dia na alimentação e com a prática de exercícios físicos. Sabendo os sintomas, você reconhece o problema com mais facilidade e mais rapidamente busca ajuda especializada.
E você, conhece alguém que tenha compulsão alimentar? Você sente culpa depois que come ou prefere se alimentar escondido? Conte para a gente a sua experiência aqui, nos comentários!